A POUSADA
- Neiva Klug
- 11 de out. de 2023
- 3 min de leitura
Um exercício meditativo de Bert Hellinger.
Alguém caminha pelas ruas da sua terra natal. Ai tudo lhe parece familiar. Há uma sensação de segurança, mas também uma certa tristeza o visita, pois muitas coisas lhe permaneceram ocultas, e uma ou outra vez se encontrou diante de portas cerradas.

Muitas vezes havia planejado deixar tudo e ir para longe. Porém algo o detinha como se estivesse lutando contra um desconhecido e não pudesse separar-se disso, sem antes conseguir sua benção. E assim permanece prisioneiro entre ir adiante e voltar para trás, entre andar e permanecer.
Então o homem chega em um parque e senta em um banco, se reclina, respira profundamente e fecha seus olhos. Deixa de resistir a longa luta, sente sua força interior, sente-se tranquilo, e se dobra como um bambu ao vento, em sintonia com a diversidade. Com o amplo espaço, e com o longo tempo.

Então, se vê a si mesmo como uma casa aberta. Quem quiser pode entrar. Tras algo, fica um tempo e se vai. Assim, numa casa acontece um continuo chegar, trazer algo, ficar e partir. Há o que chega pela primeira vez, traz algo novo, e por ficar por ali, também se torna velho, e também virá seu tempo de partir.
Na casa aberta também chegam muitos desconhecidos que por estarem esquecidos e excluidos por muito tempo tambem trazem algo, ficam um pouco e depois se vão.

E chegam também os maus, aqueles que gostariamos que não entrassem, mas eles entram e também nos aportam algo. Se incluem, ficam um pouco e se vão. Quem quer que venha sempre encontra outros, que chegaram antes, ou que chegarão depois. E como são muitos, todos tem que compartilhar. O que tem seu lugar, também tem o seu limite.
Alguns chegaram porque outros se foram. E irá quando outros vierem. Assim nesta casa há suficiente tempo e espaço para todos. Assim, estando sentado esse homem se encontra a vontade em sua casa e se sente familiarizado com todos que vieram e que virão, contribuiram e contribuirão, ficaram e partiram.
Percebe que o inacabado de antes agora está completo. Sente como uma luta que chegou ao seu final, e a despedida se fez possivel. Ainda espera um pouco que chegue o momento justo. Então, abre os olhos, lança um ultimo olhar ao seu redor, se levanta e finalmente se vai.

O ser humano é uma hospedaria: todas as manhãs um novo recém chegado; uma alegria, uma tristeza, uma maldade; uma certa consciência momentânea chega como um visitante inesperado. De-lhes as boas vindas e receba a todos! Mesmo que fossem uma multidão de arrependimentos que esvaziam violentamente sua casa, mesmo assim, trate cada convidado com honra, ele pode estar criando o espaço para você ter um novo deleite. Para o pensamento sombrio, para vergonha, para a malícia, receba-os na porta com um sorriso e convide-os para entrar. Seja grato a quem vier, porque todos foram enviados como guias do além!
Vamos abandonar o um ou outro e vamos adotar o conceito de um e outro.
Não é inteligente ou burro, mas inteligente e burro. Não é alegre ou triste, mas alegre e triste. Não é o pai ou a mãe, mas o pai e a mãe; no filho! Tudo é bem vindo! O que é, o que somos, os que são! A presença pura é também assentimento. Sim, ao tédio, Sim a alegria, Sim ao meu desespero, Sim a minha raiva. Sim ao ex parceiro, ao pai, a avó, independente do que tenha sido. Sim para a vida em movimento. Sim, assim é! Sim, assim foi!!!
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